sábado, 23 de junho de 2007

Observatório da Imprensa - Por que ninguem viu a microssérie?


Como o jornalismo impresso repercutiu a estréia da microssérie A pedra do reino? Qual a contribuição da imprensa e da TV na rejeição do público a modelos narrativos diferenciados? Mais uma vez houve conflito entre opinião, gosto e consumo na cobertura? Todas essas questões vêm a calhar em face do apagão que se abateu sobre a mídia e a inteligentsia brasileira após a estréia da série. Para a Globo, era de se esperar o curto-circuito. Mas fica difícil entender por que a imprensa e os intelectuais não conseguiram (ou não quiseram) problematizar o impacto do novo trabalho de Luiz Fernando Carvalho.
Impacto, é bom lembrar, não é adjetivo. Portanto, não se está falando apenas do sucesso ou fracasso da série, mas do fenômeno em si, de seus desdobramentos e implicações.
No domingo (10/6), dois dias antes da estréia, quase todos os jornalões do país dedicaram páginas e mais páginas para A pedra... Na maioria dos textos, a discussão privilegiava os aspectos estéticos e quase sempre resvalava para o elogio rasgado. Um ou outro crítico mencionou a "ruptura do padrão televisivo", mas o ponto de vista auto-referente apenas alertou para a dificuldade de se encarar o programa. Ninguém se dignou a investigar por que o distinto público teria tanta dificuldade.
Veio a estréia e a rejeição acachapante da audiência fez o ibope despencar para míseros 11 pontos. Os jornalistas ficaram atônitos. Alguns focaram na preocupação da Globo com a perda da liderança, outros resolveram atacar o hermetismo da série, mas ninguém, mais uma vez, pensou em ouvir o público para entender, de fato, as suas motivações.

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