sábado, 23 de junho de 2007

Observatório da Imprensa - A hora e a vez do set-top box


Na pressa movida por interesses políticos e comerciais, o país se precipitou em adotar o modelo digital japonês que, no final de todas as contas, não vai causar em um curto espaço de tempo nenhuma revolução no conteúdo e na forma de assistir à televisão. Quando o então ministro das Comunicações era o deputado federal Miro Teixeira (PDT-RJ), houve um esboço de uma discussão sobre a possibilidade de desenvolver um sistema digital que fosse genuinamente tupiniquim. Uma solução controversa, se levarmos em conta a aventura frustrada de nosso sistema de cor (Pal-M), único no mundo, que foi uma bravata nacionalista dos governos militares. No mundo dos zeros e uns, há certas evoluções que são inevitáveis, embora um Estado interventor tenha ferramentas suficientes para atrasar um processo que, sozinho, talvez, caminhasse a passos mais seguros e largos.
Uma ação política realmente importante seria a de pensar, e porventura alterar, o marco regulatório da radiodifusão no país. Atitude fundamental para concretizar a idéia de um novo modelo de TV, voltada não só para o entretenimento, mas, junto com ele, de interesse público e social brasileiro.
Neste país de proporções continentais, uma TV digital e interativa pode ser a solução para integrar uma grande parcela de brasileiros ao exercício pleno da cidadania. Afinal, o objetivo é transformar cada aparelho de TV em uma porta de entrada para a rede mundial de computadores e, através dela, abrir toda uma sorte de possibilidades. Se levarmos em consideração que cerca de 90% dos lares brasileiros já possuem pelo menos um aparelho, estaríamos falando, realmente, em uma inclusão social e digital. Afinal, segundo dados do próprio governo brasileiro, menos de 8% de nossos conterrâneos têm acesso à internet e na área rural o índice é ainda mais assustador, menor que 0,02%. E então, eis que surge a questão do tal do set-top box.
Comercialização do conversor
Para quem não sabe, o set-top box é um dispositivo que habilita televisores analógicos a receberem e decodificarem o sinal digital broadcast. Enfim, é uma caixa de conversão. Quem não possuir uma TV digital adequada ao sistema binário de informação, terá que adquirir um desses aparelhinhos para continuar a usufruir a nossa programação televisiva.

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