domingo, 13 de maio de 2007
Observatório da imprensa - O luto da imprensa
O tom é de comedimento. A CPI do Apagão Aéreo parece não ter empolgado jornais e revistas semanais. Os meios de comunicação limitam-se a denunciar sua composição como expressão de farsa. Há um visível desencanto com o comportamento da oposição parlamentar. O pragmatismo de setores do PSDB não é compatível com o tipo ideal editado ao longo dos dois últimos anos? Talvez possamos, simplificando tema caro ao pensamento freudiano, falar em um luto midiático. Reação à perda de uma generalização abstrata, a um ente que seria o braço político de devaneios editoriais. Investimento libidinal sem contrapartida. Páginas e tempos perdidos.
Em tom de lamento, o jornalista Fernando Rodrigues registra, em seu blog, o ar nebuloso que marca o início da mais recente CPI instalada na Câmara Federal. Assinala que "A oposição ficou de mãos abanando. A base lulista tem 16 das 24 vagas da comissão.Houve uma patética tentativa do PSDB, que quis lançar um candidato para a presidência da CPI. Perdeu. O PFL desejava ir ao Supremo para dar uma embananada no processo, mas os tucanos foram contra. Por enquanto, a CPI está servindo para mostrar e explicitar mais uma vez o apagão da oposição no Congresso".
A tristeza de Fernando é partilhada pela jornalista Eliane Cantanhêde, em sua coluna, na edição de sexta, 4 de maio, da Folha de S.Paulo. "Foi-se o tempo em que as CPIs eram lugar de honra para investigar e produzir efeitos" O choro prolonga-se por quase todos os articulistas da grande imprensa. Editoriais já não reproduzem o frenesi de outrora, quando tudo era contado com som e fúria, Embora o significado do esforço fosse ocultado com presteza.
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